A Lua Que Me Pertence

Era em um último dia de dezembro quando abri minha caixa de sentimentos e ali naquele instante fitei a imagem de um homem segurando a Lua. Não, eu não estava sonhando era ele com a Lua e a Lua com ele, tanto que pareciam ter nascidos um para o outro possuindo uma harmonia incrível. Ele me dizia em tom bem baixinho:

- É sua! Pegue-a! Trouxe pra você!

Timidamente olhei mais ainda para eles: um homem com a Lua em suas mãos ofertando-me silenciosamente. Parei um minuto e pareceu durar uma primavera porque eu tive que chegar mais perto dele e não me contive a dizer:

- É um presente maravilhoso, mágico, que belo presente eu ganhei. Mas depois eu pensei: por que esse homem invadiu minha caixa? Por que sou merecedora da Lua? Mas a recebi de olhos alucinados, recebi a Lua para dominar meus sonhos de menina ainda menina. Com doçura nos lábios se recebe a Lua. A Lua era minha, só minha, minha, totalmente minha. Agora, a Lua é minha! Normalmente quando se ganha algo agente agradece, diz que gostou que vai sempre lembrar quando ver ou quando usar.

Minha gente, eu ganhei uma Lua! A Lua que enfeita o céu e é cercado pelas estrelas. Que ilumina o mar em um dia sombrio e triste. E eu era dona da Lua que ilumina as noites da Terra. Talvez, eu tivesse ficado egoísta mesmo. Era minha e daí e depois não era de mais ninguém. Não, eu não posso ser assim, aquele moço em sua boa intenção me deu a Lua é bem verdade... Mas ele também precisava dela. Foi então que percebi o significado do presente que ele me deu. Quando menina adorava fitar a Lua. Sonhar acordada com o dragão que muitos diziam existir lá. E eu ficava tentando brigar com o dragão para ele não colocar fogo na Lua antes mesmo de um dia eu chegar até lá. Nesse momento o homem audacioso me disse:

- Recebe a Lua como se recebe um sentimento em que nunca poderemos tocar, mas apenas sentir e faça com que todos permaneçam em estado de harmonia. Todos precisam da energia que está em você e no presente que recebeu.

Confesso, que me senti intrigada... mas, ele tinha razão. A Lua é minha desde que eu a olhe e que sempre me faça sonhar ainda como menina. Que me faça acreditar que os sonhos podem se realizar. Que tão distante é o amor que se manifestam nos outros, mas em nós o amor é primordial, faz parte da mim e a Lua lança no outro a energia verdadeira do sentido do amor. Olhei para trás e tentei alcançar o homem que havia me ensinado sobre o amor. Ele estava longe de mim e nem na caixinha eu conseguia vê-lo. Foi então que imediatamente eu olhei para Lua e ele estava cuidando da Lua para que o dragão não pusesse fogo nela. Nessa hora meus olhos encheram de lágrimas e senti o agridoce do amor.