Author: Tatyane Diniz
•00:22

Garoto de meus olhos


O negro perfume
Que penetra em meu corpo.
... Pegadas de um touro...
Trouxe galáxias de primavera em mim.
Sua boca cobre meu ventre.
O doce bogari anuncia a chegada
De um tom de amor.
A rua deserta e
Eu entreaberta
Recebendo pétalas
De girassóis cinzentos
Em plena Adolfo Viana.
Parei para sentir
A suavidade com que
Seu perfume excita-me.
Colapsos de bocas em anzóis
E murmúrios eclodem
Numa valsa lunar.
Banho-me no São Francisco
Em um dia ensolarado de romã.
Adoro o jeito que toca
Com a boca o meu corpo.
E do sabor que sente
Ao me embriagar no gozo.


Tatyane Diniz Viana
18/01/12
Author: Tatyane Diniz
•23:37

Eu só!
Eu cá!
Em todo lugar.
Em mim sem ti.
Cada um no seu pedaço:
Inteiro
Metade
Seio
Meio.
Assim sem ter razão de ser
Meu poema
Seu poema
Sua rua
Sua alma
Tão nua
Tão presente
Tão ausente.
O meu ser
O seu ser
Que droga
Nem é meu
Nem seu.
Quanto mais me convenço
Vivo, reviro e sigo
Um monte de extremistas
Atiram pedras em mim.
Sua biografia pouco me importa.
O escrito já foi dito
O que falta é ser lido.
Biográfico,
Não!!!
É mais sério
Mais intenso.
Não é objetivo nem moral.
O homem busca se camuflar
Na aldeia do tempo
A parede pode ser branca
Porque alguém a pintou assim.
E daí?
Que essa droga de vida
Não precisa ser tragada!
Que essa porra de vida
Possa ser recriada!
Que merda! Que merda!
Se dane a biografia
A ingenuidade do escritor
Em querer ser famoso.
Que os outros sejam testemunhas
De sua vida, pra quê?
A literatura vai além disso.
Saiamos dessa ingenuidade agora.

Tatyane Diniz viana 02/04/2011
Author: Tatyane Diniz
•23:17

Ao pintar cores de cinza
Uma poesia quase explodiu.
A palavra tão pequena,
Tão minúscula
que mal cabia na minha mão.
A tarde chegou em
Uma sala fria, sonâmbula.
Que quase o infante descobriu
A criança que dorme em hera
Era minha eterna primavera.
Triste dia que deixei
Em casa a minha cartela de cores
Espalhadas no chão da
Minha atmosfera morna.
Partículas se dissolvem em mim.
As cores são neutras.
Comi o pastel logo pela tarde.
E não sobrou nem um tom
De queijo aguado
Para pincelar minha cor de boca.
A poesia que fiz hoje
Não tem cor alguma.

Tatyane Diniz Viana 17/03/2011
Author: Tatyane Diniz
•02:09

Leio cada fragmento
Do seu corpo trazido
Em banho de cores.
O ar que alimenta
Os meus pulmões
Solidifica meu sangue.
Assisto um país
Rompido por guerras,
Becos sem saída
Movem as palavras
Que encontro a caminho.
O suor forte e grosso
Atravessam meus poros
E misturam-se com a
Nitidez de minha face.
Houve um burburinho...
O som é perseguido
Por um moleque de botas
Sujas... imundas de mel.
A cor fria da morte
Suicida-se na imensidão
Dos olhos rasgados
Pela verdade das cores
Retiradas do fundo
Desse papel.

Tatyane Diniz
05/01/2012
Author: Tatyane Diniz
•00:19

FRUTO

O doce que chupo
Agora desfalece
Em meu sorriso...
Uma eterna cristalina
De cores surrealistas.
Dizem o sabor que
Eu trago no estômago.
Eu furto o fruto
Roubado de esmolas
De dondocas paridas.
E sinto um gosto
Alimentado de preconceito.
E jogo as sobras
Aos cegos deitados em
Suas loucuras terríveis.
Um pouco do doce
Adocica o fruto que
Furto de você agora.

Tatyane Diniz
07/01/2012
Author: Tatyane Diniz
•16:14


(ESCRITOS EM GUARDANAPO)
"UM PUNHADO DE VERSOS ELABORADOS EM
SALA DE AULA - CLARO, QUE DEIXEI
UMA ATIVIDADEZINHA PARA ELES" - Conta!

Guardanapo 1:

É tão conveniente descrever
a importância de um ato
hipócrita escrito
na parede de um banheiro de bar.
Piche, suje e
dê descarga em sua vida!

*~*

Guardanapo 2:

Passa a hora dos
ponteiros de um pássaro
e degusto a noite crua
no céu de minha boca ocre.

*~*

Guardanapo 3:

Tanto eu como o sujeito
que lê esse pedaço de fiapo
de paina merece caminhar
triste num deserto sem gelo.

*~*

Guardanapo 4:

Não adiante pedir
não adianta falar
a vida pede e fala
precisamos romper com
os tratados que sufocam
a nossa mente.

*~*

Guardanapo 5:

Descanse o seu sorriso
Despido sobre o meu corpo
frágil... Ele te necessita e
rompe os tratados dos anjos
incrédulos em uma tarde
de agonia infernal.

*~*

Guardanapo 6:

Ande com sua vida
em dia e não esqueça
de dar bom dia!!!

*~*

Guardanapo 7:

O branco do olho da menina
insiste em pousar sobre a delicadeza
de sua borboleta viril.

*~*

Guardanapo 8:

Sentada na pedra que DRUMMOND havia dito...
Essa pedra eu vou carregar comigo!
Uma pedra na calça
É só um nó na barriga
avisando que vem coisa
ruim pela frente.

*~*
Tatyane Diniz
2011
Author: Tatyane Diniz
•15:52

CASA AMARELA

O CANTO DA SALA VAZIA
SEMENTES DE GIRASSÓIS
FESTEJAM A CONVERSA DOS CACTOS
TODOS QUE PASSAM POR ELA
ERGUEM UM COPO DE SAL.
ALAVANCA DE SERPENTES
TANTAS VEZ IDA.
NO LABIRINTO DO CENÁRIO
GOTEJAM GOTAS AZUIS-RUBIS
O SAPATINHO DE MENINA
ALVA DE ESPUMA DA PRAIA.
ELEGE OS SEUS SEGREDOS E
A COR DOS OLHOS DA MENINA
NO CANTO REVELA A SUA
DIGNIDADE PERDIDA.
BALANÇAM FLORES NO MAR
AS RAÍZES CHEIAS DE ESPINHO
NO SUBSOLO DESSA CASA.
O SEGREDO FORA JOGADO
NO HORIZONTE SOMBRIL SOMBRIO
OS MEDOS DA MENINA
CHEIOS DE SAL
GUARDAM SEUS RESTOS
ESQUECIDOS COM FLORES
QUE AO GERMINAR UM PLENO
NEVOEIRO ENSOLARADO.
ACORDA, MENINA!!!
PARA BAILAR NA CANTINA
DOS CANTOS DA SALA.

Tatyane Diniz
03/01/13